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Correio Sport – Tem consciência de que o seu nome tem sido falado em Portugal por motivos que não têm a ver com o futebol?
Fábio Coentrão – Tenho. Estou aqui, no Saragoça, a trabalhar sem problemas e todos os dias recebo chamadas de familiares e amigos, a dizer-me que saem notícias prejudiciais à minha imagem. Isso é muito mau, ainda por cima são coisas que não correspondem à verdade.
– Mas já percebeu o que está por trás dessas notícias?
- Aí está o mal. Há gente que não tem nada para fazer e entram em mentiras. São notícias fabricadas em Espanha e em Portugal. Deviam ter mais respeito por mim, que sou português. É muito feio o que me estão a fazer.
– Foi dito que os seus pais tiveram de ir a Saragoça, senão regressava mesmo a Portugal...
– Outra mentira. O meu pai só queria meter um processo a quem publicou essa notícia. Ficou mesmo muito chateado quando leu essa notícia, pois não faz sentido.
– É ou não verdade que teve uma saída nocturna que causou mal-estar no seio dos dirigentes e técnicos do Saragoça?
– Cheguei aqui após uma semana em estágio com a equipa e tinha familiares à espera. Fui eu que sugeri para irmos dar uma volta, porque no dia seguinte era dia de folga. Sou jovem, humano, na vida há tempo para tudo. Na segunda-feira seguinte, um dirigente disse-me que não estavam habituados a isso e lembrou-me que o Saragoça estava na 2ª Divisão. Pedi-lhe desculpa e disse-lhe que não sabia. O meu pai foi ter comigo ao treino, deve ter sido por isso que inventaram mais essa situação.
– Também não é verdade que abandonou o balneário, recusando-se a treinar?
– Tem alguma lógica isso? Era dia de treino facultativo, treinava quem quisesse. Dormi com dores de garganta, fui ao clube, deram-me medicamentos; tomei e fui-me embora.
– Como é o ambiente no balneário do clube?
– Toda a gente me apoia. O grupo é muito bom, tive a infelicidade de o ‘mister’ não contar comigo nos primeiros jogos, mas é normal no futebol. Tenho de trabalhar. Sei as qualidades que tenho, mais dia, menos dia vou estar a jogar.
– O plantel é mais forte do que estava à espera?
– O plantel tem qualidade mas sei que tenho valor para jogar aqui. Saí pela primeira vez do meu país, estou fora há apenas dois meses, preciso de tempo para adaptar-me e é isso que estou a fazer. Sinto-me melhor a cada dia que passa.
– Como é a sua relação com o treinador?
– De início, pensei que não tinha ido muito com a minha cara. Nos três primeiros jogos de preparação fui dos melhores em campo. Depois fiz uma rotura e a partir desse dia não joguei. Não sei o que se passou mas, à medida que tenho vindo a treinar melhor, tem havido mais conversas entre nós.
– Jogar na 2ª Divisão de Espanha é complicado?
– Pensei que fosse mais difícil mas é um futebol muito competitivo. Esperava que houvesse menos espaços mas encontrei um estilo que pode ajudar-me muito.
– Tem acompanhado a carreira do Benfica?
– Tenho seguido o Benfica e todo o futebol português. Sinto saudades, é óbvio, mas vou-me adaptando a Saragoça. Tenho 20 anos, estou a fazer pela vida, mas há pessoas que deixaram de ser compreensivas para comigo. Aqui ainda se podia entender mas em Portugal não se compreende.
– Dizia-se que tinha um futebol parecido ao de Angel Di María...
– Ele aproveitou a oportunidade. Di María é um bom amigo, admiro--o muito e acho que somos parecidos a jogar futebol. Ainda bem para ele, eu vou esperar pela minha oportunidade.
– O que lhe faltou a si?
– Fiz dois jogos com Fernando Santos e acho que estive bem. Mas houve mudança de treinador e só voltei a fazer um jogo, para a Taça de Portugal. Faltaram-me oportunidades, e depois havia no plantel Cristian Rodríguez, Di María, Freddy Adu e eu, todos para a mesma posição.
Entrevista concedida pelo correio da manha
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