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Reyes «recuperei a alegria de jogar futebol»

por Ricardo Morais, em 18.10.08


Garante que não pensou duas vezes antes de aceitar o convite do Benfica. Simão e, em especial, Rui Costa convenceram-no de que era uma experiência que tinha de viver. Sente que deu o passo certo e está tão feliz que só pensa em ficar mais tempo, para lá do empréstimo de uma época. Até já se imagina a voar pelas águias na Champions. Reyes em estado puro

COMO é que Rui Costa o convenceu a vir para o Benfica, numa fase em que era disputado por outros clubes?

— Não foi difícil convencer-me. Eu queria jogar e queria fazê-lo num clube grande. Falei muito com Simão e ele disse-me muitas coisas boas sobre o Benfica. Comecei a sentir que era uma experiência que tinha de viver e fiquei com a certeza depois de falar com Rui Costa e de ele me dizer o mesmo. Não pensei duas vezes e vim.

— Rui Costa e Simão foram então fundamentais...
— Sim. Sobretudo Rui Costa, claro, porque é o director desportivo do Benfica. O Simão apenas me aconselhou, disse-me que devia aceitar.

— Representou clubes como Arsenal e Real Madrid. Não temeu que fosse um passo atrás na sua carreira?
— Não, nada. Jogar por grandes equipas é sempre um passo em frente. Dei o rumo certo à minha carreira. Estou muito feliz pela opção que tomei e quero ficar muito tempo no Benfica.

ELOGIOS AOS MÉTODOS DE QUIQUE FLORES

— Nunca tinha trabalhado com Quique Flores, mas certamente que também pesou na sua decisão....
— Sim. Nunca tínhamos trabalhado juntos, mas já o conhecia bem. Fez um grande trabalho por todos os clubes por onde passou. Mariano Pernia, que joga no Atlético de Madrid, tinha sido orientado por Quique, e disse-me muitas coisas boas sobre ele. Agora tenho tido oportunidade de confirmar isso: Quique trabalha muito e bem. Isso é fundamental para qualquer jogador de qualquer equipa do mundo. Tem sido uma experiência muito positiva.

— A Liga portuguesa é vista como inferior à espanhola ou inglesa, onde já jogou...
— Muita gente vê as coisas assim, mas quando um jogador está dentro do campo não sente isso. Hoje em dia todas as ligas são iguais, competitivas.

— Mas quais são as principais diferenças?
— Repito que não vejo muitas. É claro que, se olharmos aos nomes, há melhores jogadores em Espanha, Inglaterra e Itália, mas dentro do campo não sinto diferença.

— Via com frequência jogos da Liga portuguesa, quando estava em Espanha?
— Não vou dizer que seguia atentamente o campeonato português porque não é verdade. Via de vez em quando alguns jogos, por curiosidade.

VOOS DA ÁGUIA FORAM PROFECIA

— E tinha alguma simpatia especial pelo Benfica, nessa altura? Aquela empatia que por vezes temos por clubes estrangeiros...
— Sinceramente sempre simpatizei, mas por nenhuma razão em particular. Mas há um pormenor curioso: costumava comentar muito com os meus amigos sobre o voo da águia antes dos jogos do Benfica na Champions. Via pela televisão e chamava-me muito a atenção. Ver uma águia a voar às voltas num estádio é algo lindo e que não se vê todos os dias [risos]... Agora que já o testemunhei ao vivo, é realmente impressionante.

— Já foi considerado um dos melhores atacantes do mundo. O que aconteceu para perder esse estatuto?
— Não sei... Acho que todas as pessoas, nas suas carreiras, passam por altos e baixos. Estive muito bem no Arsenal e comecei muito bem no Real Madrid. Depois tive uma pequena quebra, mas voltei a terminar bem a época e fui decisivo no último jogo do campeonato, frente ao Maiorca, ao apontar dois golos. A época passada, no Atlético de Madrid, é que foi para esquecer, sinceramente.

IMPRENSA 'ROSA' E SAÍDAS À NOITE

— A imprensa cor-de-rosa dizia que gostava muito da noite...
— Cada um escreve o que quer, para mim é indiferente. Gosto de sair à noite como qualquer pessoa. Somos jovens e temos de sair, quem disser o contrário está a mentir. Mas isso não significa que não seja profissional, muito pelo contrário. Treinávamos todos os dias às dez horas e às nove e meia já estava equipado e trabalhava como os outros. Saía uma, duas, três vezes por mês, sou jovem e não vejo mal algum nisso. Foi por outras circunstâncias que as coisas não correram bem no Atlético de Madrid. Acima de tudo não tive as oportunidades que gostaria.

— Quique Flores disse que você está numa frase crucial da carreira: ou explode ou estagna. Como recebeu estas palavras?
— Penso que foi uma forma de me motivar. Ele é o primeiro a apoiar-me e o que tenho feito no campo é reflexo da confiança que sinto da parte dele.

DESEJO DE EXPLODIR E RELANÇAR CARREIRA

— Acha realmente que vai explodir no Benfica, relançar a carreira?
— Não é uma questão de achar, é uma questão de querer explodir. E, claro, acredito que isso vai acontecer.

— Quique disse também que está satisfeito consigo mas espera ainda mais...
— É normal. A confiança aumenta com o passar do tempo, com os jogos, com a crescente forma física.

— Está longe do seu melhor?
— Não estou longe, mas ainda me falta um pouco.

— Que percentagem da sua qualidade os benfiquistas já viram?
— É sempre difícil dizer. Penso que já fiz jogos muito bons pelo Benfica, mas ainda estou a 80 por cento, tenho de dar mais.

— Sente que tem hipóteses de ser considerado o melhor jogador da Liga portuguesa?
— Isso são coisas para a imprensa, sinceramente não ligo. O que me interessa é fazer as coisas bem, por mim e, sobretudo, pela equipa.

— Recuperou a alegria de jogar futebol?
— Sem dúvida. No outro dia estava a falar com a minha família e disse-lhes exactamente as mesmas palavras que acabou de me dizer: recuperei a alegria de jogar futebol. Estou muito feliz e quando um jogador está feliz as coisas saem naturalmente bem e tudo anda sobre rodas. Há muito tempo que não me sentia assim.

JURA PELO FILHO E SONHO DA CHAMPIONS

— Já disse que gostava de ficar no Benfica. É um desejo realmente forte?
— Se depender de mim fico. Prometo pelo meu filho. Quando me sinto feliz num lugar, faço questão de o demonstrar.

— Mas não depende só de si... Já pediu a Rui Costa para o comprar em definitivo ao Atlético de Madrid?
— É claro que a última palavra é de Rui Costa, não sou jogador para estar a fazer pressão. Ele é que manda e sabe o que é melhor para o clube em cada momento.

— Mas já lhe transmitiu pessoalmente que pretende ficar?
— Sim, claro. Falo com Rui Costa muitas vezes e já lhe disse claramente que gostava de ficar aqui.

— Além do valor a pagar ao Atlético há o facto de ter um salário muito elevado. Pode ser um obstáculo, já pensou nisso?
— Tenho consciência disso, mas espero que não seja um problema.

— Já se imaginou a jogar na Champions pelo Benfica?
— Jogar pelo Benfica na Champions é um sonho. E isso seria sinal de que continuava aqui no Benfica.
Dos carros e relógios ao flamenco e 'padel'
Como será Reyes fora dos relvados? Que paixões e passatempos? O craque partilhou alguns aspectos do seu 'modus vivendi'

Como tem sido a adaptação a Portugal e ao Benfica? Como foi trocar Londres e Madrid por Lisboa?
— Muito boa, muito boa mesmo, sinceramente. A adaptação à equipa foi óptima e estou a adorar a cidade. Já estive em duas ou três cidades e a verdade é que Lisboa foi aquela a que me adaptei melhor e mais rapidamente.

— Mais que Madrid ou Londres?
— Sim, sem dúvida.

— Tem a sua família consigo?
— Sim, a minha namorada, o meu filho e os meus pais. Moramos todos no mesmo prédio, mas os meus pais noutro piso.

— Consta que é muito chegado aos seus pais... Fez questão que viessem também para Portugal?
— [risos] Sim, queria que eles viessem e eles também queriam vir. São importantes para mim e também estão a gostar muito.

— Escolheu morar na zona de Sete Rios. O que já conhece do resto da cidade?
— Na verdade não conheço muito ainda, tenho saído mais para ir a restaurantes com a família.

— E gosta da comida portuguesa?
— Gosto, é muito boa.

— Tem-se esforçado por aprender português ou não sente necessidade?
— É claro que tenho sempre de aprender um pouco, mas graças a Deus as pessoas entendem-me em todo o lado, quando falo espanhol. Isso é fundamental.

— Tem relação especial com algum dos companheiros do Benfica?
— Sou mais próximo de Makukula, já nos conhecíamos dos tempos do Sevilha.

— Qual é o melhor jogador do mundo na sua posição?
— Difícil... Há muitos grandes jogadores.

— Pergunto-lhe de outra forma: melhor pé esquerdo da actualidade?
— O melhor pé esquerdo que já vi foi o de Rivaldo. Era impressionante.

— Ídolo de infância?
— Maradona.

— O seu maior crítico?
— Sou eu próprio.

— Treinador que mais o marcou?
— Todos me marcaram.

— Melhor golo da carreira?

— Talvez um que fiz pelo Sevilha ao Valladolid.

— Melhor momento da carreira?
— Quando me estreei pelo Sevilha e pela Selecção de Espanha.

— E o pior?
— Todos aqueles em que não joguei ou não atravessei bom momento de forma.

— Maior alegria?
— Quando ganhei a Liga inglesa pelo Arsenal. Foi o meu primeiro título.

— Que gosta de fazer nos tempos livres, tem algum passatempo?
— Adoro jogar padel! [n. d. r. desporto muito famoso em Espanha e na América Latina, um misto de ténis e squash] Quando vou a Espanha aproveito quase sempre para jogar.

— Também é adepto da Playstation e do Pro Evolution Soccer, como Quique Flores?
— Não [risos]. Tenho Playstation e jogo de vez em quando, mas gosto mais de jogos de carros, futebol não tanto.

— Que tipo de música aprecia?
— Sobretudo flamenco.

— Alguma banda ou cantor em particular?
— El Barrio.

— Como surgiu a paixão pelos carros?
— Não sei explicar... A minha irmã também gosta de carros, mas os meus pais nem por isso. Eu adoro.

— Já tem uma boa colecção...
— Sim... Tenho dez carros. Cada um tem as suas paixões, as minhas são os carros e os relógios.

— Já pensou na próxima aquisição para a sua garagem?
— Para já ainda não.

— Já imaginou chegar ao treino do Benfica de camião, como aconteceu com Walter Pandiani em Espanha?
— [risos] Não, não gosto de camiões...

— Tem um Bentley inglês, com volante à direita. Não lhe faz confusão conduzi-lo em Lisboa?
— Não, já o tenho desde que estive em Inglaterra e estou habituado.

— Que outros desportos gosta de ver na televisão, além de futebol?
— Todos, mas gosto particularmente de futsal. Quando era miúdo jogava muitas vezes.

— Qual o defesa mais complicado que enfrentou?
— Houve muitos, mas Puyol é incrível.

— Tem tatuagens?
— Sete!

— Alguma especial?

— Sim. Tenho uma com o nome do meu filho e outra com as iniciais do meu pai.

— Já pensou em tatuar uma águia?
— Por agora não... Quem sabe um dia.

— Porquê o número seis na camisola?
- Por nada de especial, já não havia muitos números disponíveis e até gosto do seis.

Entrevista concedida por abola

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publicado às 01:59




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